O modelo de artigo científico¹

Gustavo Henrique de Araújo Freire *

Isa Maria Freire *

No Brasil, a elaboração de artigos científicos está normalizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com objetivo de “estabelecer um sistema para apresentação dos elementos que constituem o artigo em publicação periódica”². A norma se fundamenta na tradição da comunicação científica na modernidade, e atende à necessidade de organizar o texto de modo a facilitar sua leitura e entendimento pelos leitores. Trata-se de uma conquista na história da ciência, na modernidade.

Pois a partir do século XV pode-se observar, na sociedade ocidental, o que Santillana³ (1970) denomina “fenômeno de transmissão de alta cultura”, o qual seria responsável por “saltos qualitativos” na história da humanidade — a atividade científica. Esse salto cultural foi precedido por eventos e inovações (destacando-se a prensa móvel) que foram fundamentais para que o processo de conhecimento científico iniciasse sua trajetória vitoriosa no pensamento ocidental, vindo a adquirir a importância que apresenta na sociedade contemporânea.  A emergência do método científico trouxe um novo olhar para os fenômenos naturais e sociais e mudanças profundas nas formas de produção. Nesse processo histórico, a criação de sociedades científicas potencializou a produção e compartilhamento dos novos conhecimentos científicos produzidos nas universidades, dando a um promissor mercado de editoração de periódicos especializados, os canais por excelência da comunicação científica.

É nesse contexto que começa a se formar o modelo de apresentação do texto científico tal como conhecemos atualmente. Evidentemente, a elaboração de qualquer texto escrito exige o conhecimento e uso de regras de elaboração do discurso, inclusive as gramaticais, que ajudam na plena compreensão do conteúdo informacional. Mas iremos nos deter nas características do texto científico, na forma especial de apresentação dos artigos escritos para publicação em periódicos científicos. É desse assunto que trata a NBR6022/2003 da ABNT e também o nosso texto.

Logo no início do documento, a norma esclarece sobre outras normas que constituem prescrições para a NBR 6022, tais como as NBRs 6023 (elaboração de referências), 6024 (numeração progressiva de um documento escrito), 6028 (procedimento para resumo) e 10.520 (citações em documentos), além das normas de apresentação tabular do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Trata-se, pois, de um conjunto de regras cujo objetivo principal é organizar a apresentação de textos científicos, cada uma com uma especificidade complementar às demais. A NBR6022, por exemplo, enumera nada menos do que 25 definições usadas no documento, dos tipos de artigos e da estrutura do texto aos elementos textuais, pré e pós textuais, título e sub-título, ilustração, autores, legenda, nota explicativa, referências, palavras-chave e, mesmo, publicação periódica científica impressa.

O atendimento ao modelo proposto pelas NBRs que tratam da apresentação de artigos científicos tanto facilita a organização do texto pelos autores quanto a sua leitura por outros cientistas, além de facilitar a tarefa dos avaliadores e dos editores científicos.  Quando não atendem ao modelo de apresentação proposto nas normas, os artigos demandam tarefas de normalização que sobrecarregam o processo editorial das revistas.

Essa situação foi identificada nos processos editoriais da revista Informação&Sociedade: Estudos, mediante acompanhamento dos dois últimos volumes. Em decorrência, adotamos a estratégia de produzir um modelo de artigo a ser submetido à revista, o qual pode ser consultado pelos autores em https://dci.ccsa.ufpb.br/lti/?download=Template_IES.doc. Uma primeira triagem dos artigos submetidos será feita a partir do uso do modelo e os textos que não atenderem às especificações serão arquivados.

Esperamos, com essa política de valorização do uso das normas de apresentação de artigos científicos, contribuir para a conscientização de que o trabalho do pesquisador pressupõe o compartilhamento dos resultados com seus pares, mediante publicação em periódico. E, também, facilitar o trabalho de preparação dos originais para publicação: o que desde já agradecemos, em nome dos editores científicos.

¹ Editorial da revista Informação&Sociedade: Estudos, v.24, n.2, 2014. Disponível em: https://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/20469/11532.

² ABNT. NBR 6022/2003. www.abnt.org.br.

3 SANTILLANA, G. di. O historiador e a teoria da informação. In: COLÓQUIOS FILOSÓFICOS DE ROYAUMONT. O conceito de informação na ciência contemporânea. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.

* Editor da revista Informação&Sociedade: Estudos.

** Editora da revista Informação&Sociedade: Estudos.