Editora da UFRN completa 50 anos

19/11/2011 19:45

Sirleide Pereira*

 

Faz um tempo que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) se expandiu, do bairro do Tirol, em Natal, para o Campus Universitário, em Lagoa Nova. Na bagagem, as metas para ampliar cursos e vagas, alargar o conhecimento, estender a informação o máximo que pudesse. Para essa última demanda, a UFRN criou, em 2 de fevereiro de 1962, a Tipografia Universitária, denominação depois alterada para Imprensa Universitária (IU) e desde 1972 Editora Universitária (EDUFRN). 

 

De 2009 para cá não me cansei de repetir dentro da UFRN esse grande momento que está por vir em 2012: os 50 anos de sua Editora. Lembramos que são cinco décadas publicando, ininterruptamente, livros científicos, e indiretamente propagando a ciência e a cultura do Rio Grande do Norte. A administração central da UFRN antecipou, inclusive, para o semestre que se avizinha à data, a abertura das comemorações. Homenageou autores, promoveu uma mesa redonda sobre esse panorama histórico e um lançamento coletivo de livros. 

 

Mas, lembrar exige que se recorra às memórias, inclusive às documentadas, porque lembrar e esquecer são funções da memória. Assim nos ensinam Santo Agostinho (2010), Le Goff (1996), Halbwachs (2006) Ricouer (2007) e outros estudiosos da temática. Nada mais justo, então, do que trazer os fatos, episódios, decisões, as vozes dos sujeitos dessa história para o presente.  É isso que estamos fazendo por meio da pesquisa Memórias da atividade editorial científica da Editora Universitária da UFRN: 1962 a 1980, em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFPB sob a orientação da Dra. Bernardina Freire. “Elaboramos” esse passado, dentre outros motivos, por concordarmos com Maar (1995) em que “[...] nós [não] somos meros expectadores da história do mundo transitando mais ou menos imunes em seu âmbito”. 

 

A EDUFRN se destaca no RN como um dos mais importantes produtores de livros científicos. Esses suportes informacionais, considerados em nossa pesquisa, artefatos memorialísticos conforme Azevedo Netto e Oliveira (2010), são constituídos de tantos materiais e foram manipulados por muitas mãos no decorrer de sua história cinquentenária.

 

Nossa pesquisa documental e histórica, busca dar ao tempo vivido, aos fatos ocorridos e aos sujeitos envolvidos nessa saga editorial o devido valor, importância e lugar cabível na história científica potiguar. É possível que a partir dessa memória possamos entender melhor o presente dessa atividade, e quem sabe projetar um futuro editorial científico que lhe propicie maior transparência nas ações. 

 

Afinal, uma entidade que registra quase 600 títulos em seu catálogo editorial, costurado em cinco décadas de trabalho científico, tem muita história para contar. 

 

 

Referências

AZEVEDO NETTO, C.X. de.; FREIRE, OLIVEIRA, B.M.J.F. de. Artefato como elemento da história e identidade. In: FECHINE, I.; SEVERO, I. (Org.). Cultura Popular: nas teias da memória. João Pessoa: Editora da UFPB, 2007.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. Trad. Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006.

LE GOFF, J. História e memória. 4ed. Campinas: Ed. UNICAMP, 1996.

RICOEUR, P. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Ed. UNICAMP, 2007.

SANTO AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Martin Claret, 2008.

 

 

*Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB). Ex-dirigente da EDUFRN.

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